Entrevista Dr. Carlos Moura
Desafiámos o Dr. Carlos Moura a partilhar as suas experiências e perspetivas sobre o PONTO., respondendo a várias perguntas que destacam os valores e a cultura da nossa marca.
…Gostávamos que partilhasse connosco um bocadinho da história do Dr. Carlos Moura com o PONTO. Como é que a marca se cruzou no seu caminho e o que mais aprecia?
Muito obrigado pela honra e o prazer de poder manifestar a minha opinião e também um pouco da história e percurso deste fantástico projeto que hoje já está numa idade, não diria adulta, mas já está a atingir a maioridade. E como imaginam, é um prazer podermos estar aqui a falar sobre este projeto, que já não é um projeto, é uma realidade. Faz parte dos nossos dias a preocupação com o desenvolvimento daquilo que oferecemos todos os dias aos nossos clientes, e com alegria e satisfação temos a oportunidade de falar sobre esta trajetória.
Esta ideia não é nova; surgiu há pelo menos uma década, quando falávamos de escolhas saudáveis. Foi isso a origem. Foi um colega que me antecedeu que iniciou esse desenvolvimento. Há cerca de 6 anos, quando assumi estas responsabilidades, entendi que devíamos ser mais ambiciosos, porque o que tínhamos feito era um teste à nossa capacidade reativa às novas escolhas e opções do consumidor. Fizemos essa leitura e interpretação.
Seis anos podem parecer muito tempo, mas ao mesmo tempo é pouco, porque há sempre muita coisa a fazer, criar e desenvolver. Abraçámos esta ideia de ter um espaço em que os nossos clientes, e todos nós, nos sentíssemos bem, promovendo o bem-estar, tanto do ponto de vista da alimentação correta e equilibrada, como num espaço de convívio e trabalho, num bom ambiente onde tudo é estudado ao pormenor. Desde o mobiliário, as instalações, a luz, a decoração, até às pessoas. A imagem das pessoas, do traje, mas também a oferta que fazemos no menu.
Portanto, como disse, é um projeto que iniciou com esta força e formato há precisamente 6 anos e que hoje atingiu um grau de maturidade muito bom. A prova disso é que hoje, precisamente neste dia, ocorreu a abertura da nossa 26ª unidade, com um dos nossos importantes clientes, com todo o sucesso e com uma imagem que é cada vez mais apreciada. As nossas propostas comerciais atraem novos clientes e até aqueles que, sendo clientes, ainda não acolheram este formato, mas a imagem é absolutamente convidativa.
Muitas vezes isto não tem a celeridade que gostaríamos. Nós temos a visão de que algum dia estaremos todos aqui, os que estiverem, e eu gostaria de pelo menos ter conhecimento de que chegámos ao 150º restaurante aberto com o formato PONTO. Não é uma tarefa difícil, mas tem a sua complexidade. Contudo, com a equipa que hoje lidera este projeto, quer o Kevin, a Maria José, a Patrícia Chula, o Diogo, mas também os nossos parceiros, nomeadamente a Nutrialma, estou certo de que cada vez encantaremos mais clientes. Não há nenhum cliente que, ao ver a nossa proposta neste formato, não queira pelo menos discuti-la, verificar e perceber.
Pena é que, às vezes, as condições de caráter mais financeiro, que evidentemente não são um esforço grande, mas também não são desprezíveis, fazem com que algumas empresas tenham alguma retração inicial para avançar. Mas também é verdade que não raras vezes há aqueles que, num primeiro momento, não reúnem as condições financeiras para o investimento na adequação das suas instalações e do menu, mas algum tempo depois retomam o contacto connosco e já temos algumas propostas concretizadas, após um período de amadurecimento da ideia. Portanto, parabéns a um projeto que nasceu há uma década, que se desenvolveu, cresceu e se tornou mais complexo no bom sentido, no sentido positivo de melhorar e enriquecer a oferta de há 6 anos para cá.
Gostávamos de o desafiar a fazer um exercício. Se encontrasse alguém no elevador e tivesse 30 segundos para lhe explicar o que é o PONTO., o que lhe diria?
Isso para mim é uma resposta muito fácil, pois passo a vida a ser embaixador do PONTO. Quando falamos de bom ambiente, bem-estar e soluções adequadas à alimentação humana, considerando a complexidade de cada indivíduo e suas necessidades, incluindo questões de saúde, eu estou sempre a ilustrar os benefícios que podemos oferecer através do PONTO. Portanto, não é nada difícil de explicar.
Em primeiro lugar, o que costumo dizer é: sinta-se bem num intervalo da sua vida. Esse intervalo pode incluir a alimentação necessária e adequada, com escolhas individuais. Não é nada imposto. Tem à sua disposição uma série de opções, como montar um automóvel. Escolhemos a marca, vemos o chassis e o motor, e depois montamos todo o resto, a carroçaria, os extras. Aqui no PONTO. é um pouco como a indústria automóvel: cada um adapta de acordo com o seu critério e propósito.
Além disso, pode aproveitar para conviver, convidando amigos, clientes, parceiros e fornecedores para os nossos espaços. É possível trabalhar nos nossos restaurantes, conectado com o mundo, fazer reuniões, vídeos e até podcasts. Eu, pessoalmente, já fiz tudo isso a partir dos nossos restaurantes. Portanto, é muito fácil explicar as vantagens e a responsabilidade que temos. Eu sou, permanentemente, o embaixador do PONTO.
Se tivesse de destacar um prato favorito ou alguma sugestão de alimentação do PONTO., seja uma escolha saudável ou não, qual destacaria ou sugeriria?
Não sempre, mas de vez em quando tomo pequenos-almoços nos nossos restaurantes, que são extraordinários. Também almoço lá, embora nunca tenha jantado, mas já almocei inúmeras vezes. O que o PONTO. proporciona é, de facto, uma opção muito saudável, combinando a proteína necessária com algumas calorias, mas sobretudo com vegetais. Portanto, procuro manter um equilíbrio. Sou um defensor da gastronomia e dos bons hábitos alimentares. Gosto de comer bem, o que não significa comer muito.
Um dos pratos que mais aprecio é o bacalhau. O que não é de espantar, pois os portugueses adotam bacalhau nas suas múltiplas formas. Portanto, se me perguntassem hoje, sem ter almoçado e querendo ir a um dos nossos restaurantes, eu diria: “Há bacalhau?”. E, se houver bacalhau, não é preciso dizer mais nada.
O que é que ainda faz falta no PONTO.?
Faz falta conseguirmos atrair muitos mais clientes para termos um número maior de consumidores. Já temos estatísticas que registamos permanentemente, sabemos quantos estabelecimentos temos e como funcionam, registando tudo o que vendemos e fornecemos aos nossos clientes. Conhecemos exatamente o perfil dos nossos clientes e aquilo que eles consomem.
Naturalmente, o nosso desejo é atrair muito mais gente. Esta é uma forma que tem tração própria. Facilmente ultrapassamos as barreiras do ponto de vista financeiro, até porque, felizmente, para nossa alegria, os clientes acabam por aceitar que a nossa proposta é sempre de calibre superior em comparação com a concorrência. Portanto, o que faz falta é chegarmos rapidamente aos 150 restaurantes, com muito mais pessoas a consumir aquilo que consideramos ser uma escolha muito saudável.
De que forma é que o Dr. Carlos Moura faz a diferença na marca?
Não querendo soar vaidoso, mas todos nós temos um pouco de vaidade, que alguns chamam de amor próprio. No meu caso, acredito que o exemplo de pessoas mais velhas, como eu, faz toda a diferença. Sei que há pessoas que observam e reparam nos nossos comportamentos. Por exemplo, quando estou num restaurante, muitas vezes a tomar um pequeno-almoço agradável, fico lá com os meus auriculares, comunicando com o mundo. Com isso, estou a mostrar que aquele também pode ser um local de trabalho.
Hoje em dia, recorremos ao teletrabalho, que pode ser feito em qualquer lugar. Apesar de não devermos trabalhar enquanto conduzimos, por vezes, trabalhamos dentro do carro por necessidade. Então, por que não trabalhar num restaurante, onde podemos pedir uma água, um café, um chá, ou até uma sanduíche ou um hambúrguer?
Procuro fazer a diferença com o meu exemplo, não que eu seja uma referência para muitos, mas todos temos os nossos seguidores e admiradores. Acredito ter alguns. Também tenho alguns detratores, pois o nosso país é fértil em inveja. Contudo, procuro fazer a diferença com o exemplo.
Para muitas pessoas, a minha presença num local é garantia de que é uma boa refeição, saudável e segura, e que o bem-estar está presente. Portanto, a minha inspiração para os outros é dar o exemplo.
E também é isso que fará a diferença na vida dos clientes e consumidores?
Não tenho dúvidas nenhumas, até porque hoje em dia todos nós mudamos. Ainda há infoexcluídos em Portugal. Recentemente vi um estudo de uma organização do digital, a ACEPI. Eu dizia ao meu colega Alexandre Nilo: “Sabes quantas empresas em Portugal nem sequer têm endereço eletrónico?” Ele respondeu: “Não faço ideia, mas não devem ser muitas.” E eu disse: “São 29%.” Portanto, todos nós hoje vamos mudando. E, sobretudo, as novas gerações são sempre irreverentes. A Maria José e o Diogo ainda são muito jovens, um pouco mais jovens do que eu, mas ainda são muito jovens. Porém, já estão a ser empurrados pelas gerações mais novas, que têm outros hábitos, são mais irreverentes e gostam de experimentar.
A nossa oferta vai muito ao encontro dessa rebeldia e irreverência das novas gerações, que não gostam de ser empacotadas nem de que lhes apresentem coisas que têm de aceitar sem questionar. As novas gerações não querem simplesmente consumir o que lhes é imposto, mas sim encontrar oportunidades para criar algo à medida das suas necessidades, gostos e apetites. Hoje apetece-lhes uma coisa, amanhã outra. Hoje não almoço, faço jejum.
Se eu chegar a um espaço e me apetecer um chá e uma torrada, sei que vão estar disponíveis. Isto faz uma grande diferença, mesmo que não seja toda a diferença. Quem entender a riqueza de um espaço PONTO. e souber utilizá-la pode, sem dúvida, melhorar a sua qualidade de vida. Não tenho a menor dúvida.
Para terminarmos e para os mais jovens, que virão a seguir. Como é que o Dr. Carlos Moura vê o futuro do PONTO.?
O futuro do PONTO. eu vejo em duas perspetivas. A primeira é que isto levou tempo a arrancar, levou tempo a criarmos aqui uma escola, uma identidade, até para servir de exemplo e convencer outros ao ver o sistema a funcionar. Podemos ter uma solução muito eficiente do nosso ponto de vista, muito perfeita, mas há clientes que muitas vezes só acreditam vendo, sentindo, apalpando, verificando. Portanto, o início foi difícil. Agora estamos a começar a acelerar. Não tenho dúvidas de que vai crescer depressa, até porque temos tido o privilégio de convencer os nossos parceiros internos do grupo Trivalor a aderirem. Cada vez mais os nossos parceiros, como a Sinal Mais, o ITAU e a Gertal, estão disponíveis para este formato, começando a ficar convencidos de que isso também nos protege da concorrência tradicional dos nossos estabelecimentos de restauração, apresentando uma ideia nova. Portanto, após estes primeiros seis anos, chegamos até aqui, não tenho dúvida nenhuma de que agora o ritmo vai aumentar. Só estou à espera que a equipa me diga que os 150 estão projetados para serem atingidos em tal data, para que eu possa sinalizar no meu mapa mental.
A segunda variável é a necessidade de uma adaptação permanente aos novos desafios, às novas realidades, às novas tendências. É preciso estar muito atento. Se viajamos pelo mundo, conhecemos muitas coisas, e a nossa obrigação como equipa de gestão desta oferta é estarmos muito atentos às novidades e inovações para que não sejamos apanhados de surpresa. Queremos e devemos continuar na crista da onda, sempre à frente, mas isso impõe-nos uma grande responsabilidade. É um benchmarking permanente, uma procura constante, questionando os desejos e vontades dos nossos consumidores, tanto os atuais quanto os futuros. Daqui a 10 anos, aqueles que ainda estão a biberon serão os nossos clientes, então temos de perceber o que precisaremos começar a preparar com 5, 6, 8, 10 anos de antecedência. Como sabemos, a novidade é sempre muito atrativa. Achamos que estamos a fazer bem e estamos. Os clientes estão a reagir bem ao que oferecemos, mas a rotina é viciante e também ilusiva. Se nos mantivermos na rotina pelo fato de agora estar a correr bem, temo que possamos não ter uma vida saudável daqui a algum tempo. Não quer dizer que não estamos atentos, estamos com certeza atentos. Mas quando me perguntam como vejo o futuro, eu vejo sempre nestas duas perspetivas: crescer atraindo e envolvendo parceiros, convencendo-os de que isto é uma excelente oferta em todos os sentidos, e não adormecer “à sombra da bananeira”. Hoje podemos dizer que temos louros, somos apreciados, temos o reconhecimento do “Escolha Sustentável”, temos prémios, mas isso não nos deve adormecer. Antes pelo contrário, deve-nos despertar. Temos de ser um animal inquieto, sempre à procura de soluções diferentes. Sei que os nossos parceiros, nomeadamente a Nutrialma, também nos ajudam nisso, mas temos de ser muito exigentes connosco próprios. É evoluir sempre, desafiar-nos a nós próprios para encantarmos eternamente os nossos clientes.